Carta de um Brasileiro indignado ao Presidente da OAB:
| Exmo Sr Dr. Ophir Cavalcante  M.D. Presidente do Conselho Federal da Ordem dos   Advogados do Brasil SAS Quadra 5 – Lote 1 – Bloco M – Brasília – DF CEP: 70070-939  Em 3 de Dezembro de 2009 enviamos ao seu antecessor,   Ilmo. Sr. Dr. Raimundo Cezar Britto Aragão, uma carta aberta que iniciávamos   com os seguintes dizeres:  “Sr Presidente, até aonde iremos chegar? Haverá um fundo   de poço onde todos nós brasileiros ainda tenhamos que chegar assistindo   escândalos e escândalos envolvendo todos os tipos de políticos dos mais   variados escalões? Poderia V. Exª me dizer como é possível retornar para casa   e explicar aos filhos o que é ética, decência, linha de conduta, caráter,   honestidade, princípios? É possível ainda dizer que o nosso País, dito por   muitos como do futuro, ainda tem algum com dignidade, com honra? O intuito daquela carta era expor toda a minha   indignação e certamente a dos brasileiros sérios e que pensam, sobre os   escândalos que, naquela época, ecoavam pelos corredores do governo instalado   no Distrito Federal com propinas, dinheiro nas cuecas e agradecimentos ao céu   pela propina recebida. Naturalmente, além da exposição, havia o apelo à   austeridade e seriedade dessa entidade para que, contando com o verdadeiro exército   de advogados que dispõe, se levantasse em prol da decência e da ética.   Sabemos que algum êxito foi obtido com a renúncia e até prisão do   ex-governador. Passados quase dois anos, volto à V. Exª e lhe repasso a   mesma pergunta, ou seja, se é possível responder, aonde vamos parar. Porque,   se para nós, homens sérios, de respeito, com ética e moral, é angustiante   continuar assistindo aos desmandos e desmazelos com o dinheiro público em   todas as esferas do poder, para essa camarilha não há limites ou qualquer   sinal de que se sintam sequer remotamente afetados ou incomodados. E mais: a   lei não os assusta, já que, a cada dia, mais e mais escândalos ocorrem e   apenas viram notícias de jornal, que desaparecem da mídia em poucos dias,   para dar lugar a outros e novos escândalos.  O que podemos esperar de V. Exª como Presidente de uma   entidade séria, independente e que sempre primou por levantar bandeiras   contra verdadeiras barbáries perpetradas e cometidas contra nosso País e   contra nosso povo? O que poderia o senhor, como paraense da gema, tentar   fazer para que as pessoas de bem ainda possam ter esperanças nesse País? Temos leis e mais leis, mas não vemos nenhum desses   senhores presos. Há processos, há materialização de uma série de provas,   principalmente expostas pela Polícia Federal, seja com documentos, seja com   denúncias, seja com escutas, mas absolutamente nada ocorre, e escândalos se   sucedem. Até quando?  Ainda que deixado de lado o grotesco episódio do   dinheiro colocado em cuecas, o despropósito não tem fim. São propinas em   faturamentos de obras públicas e, no máximo, ministros e assessores são   apenas afastados de suas funções. Ou é o recebimento por pessoas ligadas ao   governo federal e de enorme influência política, de quantias absurdas a   título de remuneração por assessorias feitas a “desconhecidos”. Ou, ainda,   filhos de políticos que enriquecem da noite para o dia como se, num passe de   mágica, se transformassem em verdadeiros "experts" nas mais   variadas atividades, mesmo que se saiba que nem mesmo verdadeiros peritos,   profissionais consagrados e maduros conseguem amealhar fortunas em tão pouco   tempo como os filhos desses políticos. Afora tudo isso, somos obrigados a assistir essa   verdadeira esbórnia feita com dinheiro público no que se refere à Copa do   Mundo de Futebol. É a construção de elefantes brancos em diferentes pontos do   País, incorrendo-se em gastos astronômicos e, o que é ainda pior, quando se   tem plena consciência de que, após a Copa, tais estádios para nada ou quase   nada servirão, configurando, portanto, demonstração cabal de uso indevido do   dinheiro público, um dinheiro que poderia ser empregado em muitas outras   prioridades nacionais. Repetindo o exposto na primeira carta, será que ainda   poderemos ter esperança de ver V.Exª e o seu exército de advogados em luta   contra esse estado de coisas? Sim, uma luta cívica e não uma guerra civil é o   que deveria eclodir neste país, até porque somente tendo Deus como protetor   esta terra poderá subsistir e sobreviver contando com um povo pacifico,   ordeiro e principalmente trabalhador, mas que, diante de tanta podridão,   tanto desmandos, não é capaz de uma postura mínima de indignação, um grito de   “basta” a esse lixo em que se transformou nossa política e seus   integrantes.   Talvez uma nova campanha encabeçada pela OAB em nível   nacional comece a despertar na parcela pensante desse povo e contaminar a   outra, imensa e inerte, a necessidade de uma grande união para que coloquemos   toda essa espécie de gente para fora de todas as camadas políticas, sem   exceção. Se não houver uma ação, uma atitude, com certeza mais casos irão   aparecer, já que lamentavelmente nossas punições são extremamente brandas e   nada intimida esses marginais instalados por todas essas instituições   públicas.  O que podemos eu e o povo brasileiro sério esperar de   V.Exª? Espera-se ver ações concretas lideradas pela OAB em prol   de uma sociedade que volte a pensar e trabalhar de forma honesta e que, acima   de tudo, recupere a crença de que vale a pena levantar cedo e produzir. Atenciosamente, Antenor Pereira Giovannini Brasileiro - 63 anos - Aposentado | 
 
 
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