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Thalles Roberto: um show de incompetência, desleixo e   desrespeito. 
Net 7 Mares 
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Há   coisa de 1 mês, apareceu aqui em casa um CD do Thales Roberto, um cantor da   linha gospel, mas com forte inclinação para o soul no estilo do James Brown.   Aficionado que sou dessa linha melódica, a produção musical do moço, cujas   obras eu ainda não tinha ouvido, caiu logo no meu gosto tanto quanto no da minha   esposa.  
Dias   depois, antes do Dia das Mães, chega a notícia de que o tal cantor viria à   nossa cidade, e logo surgiu, na minha mente, a idéia de presentear a mãe da   minha filhota com um programa: levar ambas ao show musical do Thalles; e,   assim decidido, comprei os ingressos e, no dia marcado, lá fomos para o   Country Club de Nova Friburgo, onde o evento aconteceria. 
O   convite rezava que o show começaria às 18:00, horário bem adequado, considerando   que, em se tratando de um show musical religioso, muitas famílias   compareceriam com os filhos menores, como, de fato, aconteceu. 
Quando   chegamos ao portão do clube às 18:30, ou seja, meia hora após a hora marcada,   o som já rolava, e lastimamos o nosso atraso, mas, quando nos aproximamos do   recinto onde o evento acontecia, notamos logo que não era o Thalles e a sua   banda que tocavam; era uma outra equipe dirigida por um DJ, fazendo uma   preliminar do show principal. A sensação de perda que tivemos na chegada deu   lugar à alegre expectativa de ver o Thalles pintar no pedaço, o que — cogitamos   — não tardaria a acontecer. Enquanto o cantor não aparecia, ficamos zanzando   pelas imediações do salão, curtindo o som competente do DJ. 
O   tempo foi passando e, lá pelas 19:30, surgiram rumores de que o Thales   chegaria às 21:30. Imaginamos que, certamente, teria acontecido algum   imprevisto com o cantor que justificasse um atraso de mais de 3 horas. A essa   hora, porque o estômago começou a reclamar, fomos para a lanchonete do clube   e, no balcão, fomos informados de que tínhamos que comprar tickets de   alimentação na bilheteria. Fomos então em busca do tal guichê e, lá chegando,   o que vimos foi de arruinar ânimo e apetite: uma fila absurdamente comprida   esperando atendimento por uma dupla de bilheteiros-tartarugas.   
Enfim,   depois de mais de 1 hora penando na fila, conseguimos os benditos e caros   tickets. Para não me alongar muito em detalhes do lanche, direi apenas que a   latinha de Coca-Cola custava 4 Reais; 1 garrafinha de água mineral, 3 Reais,   mesmo preço de 1 churro. Eu, que nunca havia entrado em fila para comprar   coisa alguma em preço de promoção, amarguei mais de 1 hora numa, para ser   virtualmente assaltado. 
De   olho pregado no relógio, cujo ponteiro de minutos parecia não se mover,   chegamos enfim às 21:30, e nada de Thalles aparecer.  Às 22:00, com a aragem gelada varrendo o   recinto semi-aberto, algumas famílias que tinham levado suas crianças ao show   começaram a bater em retirada. “Vou ficar só para ver que desculpa essa   caricatura de James Brown vai no dar quando chegar ao palco” — comentei com   os meus botões. 
Finalmente,   pouco antes das 23 horas, começaram a retirar do palco os trastes do DJ, para   montarem os instrumentos da banda do Thalles, que só chegou ao local às 23:15   h, com a cara mal oculta por óculos espelhados, cercado por um ajuntamento de   seguranças. Não entendi a breguice dos óculos espelhados na cara do Thalles àquela   hora avançada em ambiente mal iluminado, mas entendi o porquê da quantidade   de seguranças ao seu redor: certamente, o sujeito temia sofrer alguma reação   mais vigorosa do público já exasperado com o abusivo atraso de quase 6 horas,   um temor, aliás, vazio de razões, vez que, da platéia, composta, na esmagadora   maioria, de evangélicos, dificilmente surgiria reação agressiva. 
O   destrambelhado cantor chegou, mas não subiu ao palco, esperando terminar a   correria nas afinações dos instrumentos, regulagem de som, testes e o diabo a   quatro. Bem que podia, enquanto isso, subir ao palco para dar alguma   satisfação ao público por conta do abusivo atraso de quase 6 horas, mas ficou   lá na dele, curtindo a sua síndrome de pop-star. 
Vez   que pressa é inimiga da perfeição, o resultado do tumultuado trabalho de   afinações e regulagens de som deu para ser percebido logo quando o Thalles,   depois de descartar-se dos óculos inspirados no seu colega Falcão, desandou   no seu berreiro: estalos irritantes no som; o artista, com o volume de voz   mal regulado na mesa de som, sobressaía além da conta, disputando, com o   baterista, o maior nível de decibéis. Tal era a devastação sonora do cantor e   do batera, que, por impressão, se ficassem no palco ambos apenas, ninguém   daria por falta dos demais músicos. Thalles e o seu bando perderam, no som,   de  
Não   sei até que hora seguiu o espetáculo ruidoso, porque, meia hora depois de o   mesmo iniciado, saímos quase às carreiras do local, para prevenir danos   maiores nos ouvidos e nos nervos.   
De   tudo, restou a lição da constrangedora experiência: em show de Thalles   Roberto não entro mais, nem que aconteça no Céu. Já, no Inferno, caso, por   nem tão remota possibilidade, nos encontremos por lá, provavelmente irei por   livre e expontânea ordem do Canhoto. Fazer o quê, se Inferno é lugar de   sofrimento? 
E, já que, na casa do sinistro,  porque o perdão é uma completa impossibilidade, a vingança há de ser livre, terei então a   oportunidade de mirar, com tições de fogo (que lá também é coisa que não falta) , a sua cabeleira de Michael Jackson   guri, para ver, no incêndio da sua juba ridícula, o resgate da dignidade que   me roubou no vexatório espetáculo que trouxe a Nova Friburgo. Se eu errar o volumoso   alvo por alguns centímetros, pode ser que, lá, os óculos cafonas lhe sejam   mais úteis. 
LIVRE   PARA REPASSES, MANTIDA A AUTORIA. 
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