O RISCO DO DEVDEPONTA

 

 


Da série “Nelson Rodrigues Renascido”

 O RISCO DE O BLOCO CARNAVALESCO “ME ENGANA QUE EU GOSTO”, DO SITE DEVDEPONTA, PERDER A GRAÇA

 “Contudo, há, por fim, um alento àqueles que se enfiarem nesse bloco carnavalesco do DEVDEPONTA. É que, apesar de importar muito pagar o ingresso com cartão de crédito para fazer parte do aglomerado festivo, há uma explicação para essa quase exigência: sem gente correndo riscos de perder dim-dim, o bloco fica sem graça.

             Já que estou num raro momento de ócio, vou aproveitar para exercitar a minha veia de comentarista crítico, dissertando, dessa vez, sobre o projeto "DEVDEPONTA", que, segundo aparenta, percorre roteiro já bem conhecido de manipulação de consciências, conforme pretendo mostrar neste meu retorno à série "Nelson Rodrigues Renascido".
            Essa aparência começa pelos muitos sinais que são vistos em projetos-armadilhas que grassam na Internet, sinais como omissão do CNPJ e de dados de comunicação (e-mail, telefone e endereço físico)  os quais, na esmagadora maioria das vezes, estão ausentes nas propagandas desses arranjos. Por isso é que causa estranheza e desconfiança a apresentação de empreendimento que consome tempo em verborragia cansativa, mas esquece de declinar aqueles dados de identificação,  como acontece nesse projeto "Profissão Programador" do DEVDEPONTA, que se apresenta como revolucionário site de ensino de programação informática. Somente há pouco, no finalzinho da mensagem que o dono da escola, Paulo Borges, enviou-me (vide no rabicho), é que o mesmo dignou-se de estampar o endereço da sua escola, mas somente o endereço físico e em letrinhas bem miudinhas. A Diabinha Loira, que me acompanha nos meus exercícios literários, solidária com o Paulo, soprou-me, ao ouvido, que ter medo de expor endereço físico é coisa natural, e que ele, o dono da coisa, também merece um perdãozinho pela "compreensível" falha, ainda que o seu "esquecimento" seja também muito comum nos sites pilantras, os quais, esses sim, têm lá as suas razões para a deliberada ocultação daqueles dados.
            Outro sinal muito frequente em projetos suspeitos é a lavagem cerebral instituída por ocasião das propagandas dos cursos de aprendizagem, notadamente os de Informática. A varredura mental acontece por meio de vídeo bem longo, cuja intenção é a de persuadir por meio de algo parecido com doutrinação, mas o que acaba produzindo nos destinatários, por conta do exagerado tempo consumido no processo, é tédio e consequente abandono da audição. E até possível o tal DEVDEPONTA não fazer parte desse bando de embusteiros, mas, incorrendo também nesses sinais suspeitos que aparecem nos projetos da pilantragem, vai comer farelo no mesmo cocho dos espíritos de porco que levam a vida interessados, quase que exclusivamente, em se locupletarem sobre a ingenuidade e boa-fé das pessoas.
            Por conta desses nítidos sinais que já veremos, podemos adiantar que o tal projeto "Profissão Programador" não passa, ao que tudo indica e salvo melhor juízo, de mais uma repetição da popularmente conhecida — ao menos pelos cariocas  por Técnica do Cerca Lourenço ou Golpe do João Sem Braço, velhacarias que infestam a Internet e que prometem   permanecer na rede "ad infinitu", porque, enquanto os veteranos ignoram esse tipo de abordagem, posto que bem poucos  têm mais saco para ficar preso a um vídeo de uma arenga longa, estéril e tediosa que anuncia uma tal excelència de ensino que, na verdade, não existe, outros milhares, internautas calouros, caem como patinhos nessa lagoa de malogros, porque, tendo ingressado recentemente na navegação internauta, são presas fáceis desses trambiqueiros, até porque, inexperientes, nem se lembram de pesquisar as queixas contra a coisa no Reclame Aqui antes de embarcarem na canoa furada. Como o DEVEDEPONTA não informa o seu CNPJ na sua propaganda, não dá para saber se é coisa construída recentemente, circunstância que o livraria de registro de queixas naquele site de reclamações. O DEVDEPONTA diz, em resposta a uma reclamação postada no Reclamne Aqui, que o seu projeto supostamente educacional existe há mais de 10 anos, mas o SITE CONFIÁVEL, em
https://www.siteconfiavel.com.br/site/devdeponta-com?id=6489ec830b34e3566fad8402reporta que, além de não apresentar ou não ter CNPJ, o tal empreendimento conta apenas com pouco mais de 12 meses de existência. Essas declarações contraditórias atentam contra a confiabilidade do curso e, como agravante, a reclamação do aluno referia-se a alteração de preço e de grosseiras falhas didáticas.
        A arenga sem fim do vídeo de propaganda, construído dentro de uma apresentação que, embora sem grandes falhas, produz tédio devastador no bombardeio persuasivo que faz sobre aqueles crédulos que, com paciência monástica, conseguem assistir à encenação até o fim, vai encerrar na apresentação das formas de pagamento adotadas pelo projeto, que sempre prioriza o parcelamento via cartão de crédito. Não adianta argumentar sobre os quase 80% de consumidores que, pendurados no SPC e SERASA, não tem acesso a cartão de crédito, mas que poderiam se matricular no curso, o que ampliaria o universo de alunos, desde que lhes fosse oferecido forma de pagamento parcelado por boleto, PIX ou débito direto em conta bancária. A estupidez ou ganância, que são maiores que a visão empresarial, leva os donos dessas arapucas a preferirem a insegurança do cartão de crédito, que, como forma de pagamento, afeta muito mais o consumidor, em vez da preferirem a praticidade e segurança daquelas outras formas de pagamento. Eles, os donos dessas armadilhas, não conseguem entender (ou se fazem de desentendidos) que, se o inscrito por boleto ou PIX não pagar a mensalidade, basta vetar-lhes o acesso às aulas, residindo, nesse simples método, a segurança contra a temível inadimplência. O DEVDEPONTA argumenta que os que desejarem pagar via boleto ou PIX podem fazê-lo, desde que paguem à vista, ou seja, submetendo-os ao abuso de pagar antecipado por produto de ensino cuja natural forma de pagamento é a de parcelamento mensal. Por aí, nessa asnice de adotar forma odienta de discriminação contra os negativados, exigindo procedimento descabido dos potenciais alunos (o de pagamento antecipado) que escola ou curso regular físico algum pratica, e de dar preferência ao dinheiro de plástico, desprezam aquela considerável população de excluídos que estão inscritos nos órgão de proteção ao crédito. Além dessa burrice, ainda querem, por força de um argumento tosco, que as pessoas acreditem nos compromissos que se baseiam apenas em retórica de marketing, o famoso xaveco de vendedor, onde não falta nem mesmo a promessa de devolver dinheiro em caso de desistência. Haja vista que a negativa de devolver valores é o tipo de queixa que mais abunda nos sites de defesa do consumidor. De resto, para fechar com chave de ouro a baderna empresarial, cria-se um endereço falso de e-mail, inscreve-o no Facebook e publica, na rede social, falsos elogios ao projeto picareta.
        Oferecer algumas aulas gratuitas para o público ter a chance de avaliar a didática e o desempenho do monitor/instrutor, o que daria mais credibilidade e transparência ao projeto; isto, nem pensar, porque anularia o poder de logro da armadilha, em que o incauto só vai saber da trapaça depois que pagar. Adotar o pagamento em mensalidades via boletos bancários, PIX ou Débito Direto em conta bancária também não é interessante, por causa das prováveis evasões que vão acontecer à medida em que os alunos vão percebendo que as aulas medíocres e ininteligíveis não servem para nada.
        Por conseguinte, vistos aqueles sinais típicos de sites-arapucas, presentes, como visto, no tal DEVDEPONTA, temos aí, ao que tudo indica, mais um bloco carnavalesco furreca, desfilando nas passarelas das redes sociais: o virtual Bloco Carnavalesco Me Engana Que Eu Gosto, cover do seu homônimo carioca do bairro de Botafogo, mas que, diferentemente desse, tem mais para enraivecer do que alegrar.
       Contudo, há, por fim, um alento àqueles que se enfiarem nesse bloco carnavalesco do DEVDEPONTA. É que, apesar de importar muito pagar o ingresso com cartão de crédito para fazer parte do aglomerado festivo, há uma explicação para essa quase exigência: sem gente correndo riscos de perder dim-dim, o bloco fica sem graça.

@@@@@@@

    net7mares@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fale com Net 7 Mares e, caso queira resposta, assine com o seu endereço de e-mail. O seu texto e endereço de e-mail serão lidos por mim, mas, para evitar a publicação do seu e-mail no blog, não serão aprovados.