POETA DESAVISADO
(Cordel em dueto com Herculano "Cula" Alencar)
Net 7 Mares

Mestre Cula vai pensando
Que boi deitado é vaca;
Ou que rabo, balançando,
De serpente, é cipó;
E ainda crê que sua faca
de mau gume corta nó.

Não sabe do que é capaz
Um macho que, sossegado,
Cochila e, na santa paz,
Sonhando com um romance,
É, do sonho, despertado
Por vara de curto alcance.

Quem, depois da caganeira,
Pra limpar-se, 'inda agachado,
Pega folhas da touceira
Sem dar lá muita atenção,
Acaba com o ó queimado
Por folha de cansanção.

Toma tento, Mestre Cula,
Põe as barbas já de molho
E prepara a tua mula,
Que o Ferrim, meio desperto,
Precisa só de um olho
Pra acertar bumbum de esperto.

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CUTUCANDO O FERRIM
Herculano Alencar

O meu amigo Ferrim
tá cada dia mais moço.
A cabeça tá ruim
mal assenta no pescoço.
E de tanto esquecido
colocou o falecido
no cardápio do almoço.

Mas o maior alvoroço
foi na mesa do jantar
quando, depois do esforço
que fez pra evacuar,
botou a mão na cintura
e em nome da ditadura
fez um discurso invulgar:

"Cada homem tem seu par
e cada par um amigo,
tal qual a lua e o mar,
o ceroto e o umbigo,
o sapato e o chulé,
o leite quente e o café,
a aventura e o perigo.

Não há nada mais antigo,
nessa terra de ninguém,
do que amassar o trigo,
forjar do milho o xerém,
boiola, chamado Zé,
a gemer de quatro pé
no labutar do vai-vem."

Eu que sou homem de bem
honesto, sem precoceito...
chegado a fazer neném
co'as mulheres que me deito.
Deixo ao amigo Ferrim:
todos molhos de capim
que um burro tem direito.

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