POETA DESAVISADO (Cordel em dueto com Herculano "Cula" Alencar) Net 7 Mares Mestre Cula vai pensando Que boi deitado é vaca; Ou que rabo, balançando, De serpente, é cipó; E ainda crê que sua faca de mau gume corta nó. Não sabe do que é capaz Um macho que, sossegado, Cochila e, na santa paz, Sonhando com um romance, É, do sonho, despertado Por vara de curto alcance. Quem, depois da caganeira, Pra limpar-se, 'inda agachado, Pega folhas da touceira Sem dar lá muita atenção, Acaba com o ó queimado Por folha de cansanção. Toma tento, Mestre Cula, Põe as barbas já de molho E prepara a tua mula, Que o Ferrim, meio desperto, Precisa só de um olho Pra acertar bumbum de esperto. @@@@@@@@ CUTUCANDO O FERRIM Herculano Alencar O meu amigo Ferrim tá cada dia mais moço. A cabeça tá ruim mal assenta no pescoço. E de tanto esquecido colocou o falecido no cardápio do almoço. Mas o maior alvoroço foi na mesa do jantar quando, depois do esforço que fez pra evacuar, botou a mão na cintura e em nome da ditadura fez um discurso invulgar: "Cada homem tem seu par e cada par um amigo, tal qual a lua e o mar, o ceroto e o umbigo, o sapato e o chulé, o leite quente e o café, a aventura e o perigo. Não há nada mais antigo, nessa terra de ninguém, do que amassar o trigo, forjar do milho o xerém, boiola, chamado Zé, a gemer de quatro pé no labutar do vai-vem." Eu que sou homem de bem honesto, sem precoceito... chegado a fazer neném co'as mulheres que me deito. Deixo ao amigo Ferrim: todos molhos de capim que um burro tem direito. |
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