A CARA FUMAÇA QUE LEVA AO NADA


A CARA FUMAÇA QUE LEVA AO NADA


                                               Net 7 Mares


 

“O que acontece imediatamente quando você termina de fumar um cigarro? “Nada” — dirá você. Realmente, nada acontece. Pelo menos, até a meia hora seguinte, nada você sentirá. Posso completar esse “nada” com um “de ruim”, e fica “Nada de ruim”. Meia hora depois (muitas vezes até antes), aí sim, você sentirá algo diferente daquele   “nada”: acontecerá a vontade de fumar. Observe bem: aquele nada, na verdade, é a ausência da vontade de fumar”.
É bem interessante o mecanismo que traz de volta ao tabaco aqueles que tentam abandoná-lo. Eu já sabia desse mecanismo, e, mesmo assim, resultava impossível lutar contra o vício. Mas, antes de entrar em detalhes sobre o tema, vejamos como funciona esse mecanismo:

O organismo humano produz uma substância — serotonina — que proporciona algo como um bem-estar.  Essa sensação, por ser natural e comum, passa despercebida pelas pessoas. Todavia, quando, por alguma causa qualquer, aquela substância deixa de ser produzida, o indivíduo sofre uma sensação de vazio, que, na persistência, caminha para a ansiedade e, daí, para a depressão. É aí, nesse emaranhado  de sensações ruins, que  ele sente a ausência de alguma coisa impossível de definir.


Quando o indivíduo ingressa na comunidade dos fumantes, a nicotina vai, paulatinamente, neutralizando a produção e o efeito da serotonina, e, de tal modo que, dentro de um variável tempo, o organismo não mais produz esta substância, e a nicotina passa então a produzir, mal e porcamente, aquele efeito de bem-estar que, antes, era produzido pela swerotonina. Como a nicotina não passa de um paliativo cujo efeito é de curta duração, o fumante, agora um consumado dependente do fumo, para não sentir os efeitos da ausência da serotonina (agora substituída pela nicotina), precisa consumir 1 cigarro a cada meia hora ou até em menor período de tempo — Este é o perverso mecanismo de substituição que acaba aprisionando o fumante ao tabaco.


E o que acontece quando o indivíduo decide abandonar o tabaco? Simples: não havendo substituto para  aa serotonina, o indivíduo é acometido por uma série de sintomas psicológicos e físicos: sonolência extrema ou insônia, cefaléia rebelde, irritação, ansiedade, angústia, depressão e por aí vai. Por isso, as minhas tentativas de abandonar o fumo acabavam resultando sempre em derrotas; e também, por isso, digo que a minha libertação aconteceu, não por força de vontade, até porque eu nem tinha lá grande vontade de parar de fumar. Aconteceu porque uma força sobrenatural, certamente divina, atuou sobre mim, de tal modo que, após ter largado o cigarro, excetuando uma muito leve sensação de vazio, não senti nenhum daqueles outros efeitos da abstinência.


Nas tentativas anteriores de largar o fumo, um outro Net ficava soprando no meu ouvido exortações a voltar a fumar: "Que mal pode fazer um cigarrinho, cara? Um só depois de uma xícara de café"? — "Nos fins-de-semana, bem que você poderia dar uma trégua nessa sua luta idiota. Só nos fins de semana, que é pra não sofrer tanto; né?"— "Vai viajar? E agora? Como é que vai conseguir guiar sem fumar? Vai acabar causando um acidente na estrada. Seja previdente então. Na viagem, pode fumar. Afinal, toda regra tem exceção, como você mesmo sempre diz. Vai se contradizer agora?".


E, por aí, seguia a luta, até que, em determinado momento, eu capitulava e adiava a luta para mais adiante.


Hoje, depois de mais de 40 anos fumando, e, desde o dia 4 de setembro de 2012,  portanto há mais de 36 dias, sem fumar e com a absoluta certeza que jamais voltarei a pôr cigarro ou similar nos lábios, o que me aparece soprando ao meu ouvido quando sinto aquela sensação de vácuo, é algo como se fosse uma voz, dizendo coisas bem diferentes daquela voz anterior, às vezes na forma de perguntas: "Quando foi que você começou a fumar?" — Quando eu tinha 19 anos. — "E, até chegar à idade de 19 anos, você sofria por não fumar? — Não. Eu não sofria, porque eu não sentia falta alguma de cigarro, até porque eu nem sabia fumar. — "OK. Então, que tal agüentar essa barra, essa sensação ruim, um pouco mais, até você não sentir mais vontade de fumar, tal e qual aconteceu e acontece com tantas pessoas que pararam de fumar?" — Mas quanto tempo terei que esperar? — “Que importa isso, se os ganhos que você terá compensam qualquer sacrifício? Que essa sensação ruim vai passar, isso já sabemos. Que terá mais dinheiro na conta bancária, idem. Agora, além do ganho na saúde de forma geral, veja o que ganhará mais: fim da sensação de rejeição social, melhoria notável na aparência (isto você ouvirá das pessoas), os alimentos passam a ter, para você, um sabor excepcional (reside aqui o único perigo: o de engordar. Mas isso se resolve, mantendo a geladeira abastecida de frutas), além de outros benefícios”.



Não acredito que alguém pare de fumar por causa daquelas propagandas negativas que vêm estampadas nas carteiras de cigarros, até porque os fumantes sabem bem que há ali muitos exageros, puro terrorismo, todavia inócuo, porque o fumante sequer põe os olhos naquilo. Tampouco, pára por reconhecer que o fumo, um dia, vai levá-lo para um balão de oxigênio. O fumante sempre há de animar-se a permanecer no fumo quando vir um velhinho fumando (e há tantos por aí), ou quando souber de alguém que contraiu um câncer de pulmão sem nunca ter fumado.



O fumante decide parar com o fumo por razões mais concretas: atração amorosa com não fumante; ultimato médico (ou pára, ou morre); razões de ascensão ou colocação profissional (se for fumante, perde o rendoso emprego ou promoção) ou, dentre outras razões, por efeito milagroso, tal como aconteceu comigo. E olhe que eu nem precisei daquela fé, da qual os irmãos lá da igreja falam tanto, fé que estou ainda por entender o seu “modus operandis”. Apenas achei que, tendo aderido à crença evangélica, eu, afastado do fumo, sentir-me-ia melhor no novo meio social. Não sentia pressão alguma interna ou externa para abandonar o tabaco, e nem ninguém me mostrava determinação alguma bíblica  sobre hábitos ou vícios condenáveis. Bem verdade que, nos primórdios do cristianismo, o tabaco era desconhecido, mas havia o vinho, e daquele bem turbinado, massacrado com os pés e bem fermentado, capaz de produzir bebedeira em poucas doses. Ora! O próprio Jesus realizou um dos seus milagres, fazendo água virar vinho, e dos bons. Um dos irmãos lá da igreja quis, por força, convencer-me que aquele vinho bíblico não continha álcool, e eu poderia refutar a sua convicção, afirmando-lhe que vinho é vinho, e não suco de uva, e que vinho, para ser vinho, ainda mais daqueles da época, há que ter álcool. Além disso, não me parecia crível que Jesus, o filho unigênito de Deus, inventasse de pôr os convivas de um casamento na condição de logrados. A galera queria vinho no casamento, e Jesus deu-lhes o que queriam: o melhor dos vinhos.



Sim, sei que, na Bíblia, há algo sobre o corpo humano, dizendo que este é o templo do Espírito Santo; mas sei também que, no evangelho de Marcos, há uma parte a dizer que nada há que, entrando no corpo do homem, o torna impuro. Mas deixemos essas questões religiosas para lá e prossigamos no que interessa:



Enfim, parei com o fumo... Ou, melhor dizendo, uma Força Suprema, certamente divina, fez-me parar. E como foi que isto aconteceu? De forma muito simples: depositei  a carteira de cigarros e o isqueiro sobre a mesa do pastor evangélico, com o qual eu conversava sobre assunto que nada tinha a ver com tabaco, e pedi ao líder religioso a que, sobre aquela renúncia depositada sobre a sua mesa, orássemos, pedindo a Jesus que levasse com ele aquele mal e todos os efeitos terríveis da abstinência. Se o Pai atendesse ao pedido que ambos fizemos em nome de seu Filho, muito bem; se não atendesse, muito bem também. Desse modo, por assim dizer, o meu pedido então era quase que um desafio.


Saí da reunião de mais de 1 hora com o pastor, e eu, que não conseguia passar mais de meia hora sem fumar, fui para a cidade, a tratar de assuntos particulares, sem vontade alguma de acender um cigarro. No final da tarde, cheguei em casa e, ao me aproximar do computador, deparei com o pacote do Malboro Light na estante, contendo ainda 3 carteiras. Peguei as três, embrulhei-as no mesmo pacote onde estavam, lancei tudo na lixeira e, hoje, aqui estou, sem sentir a menor vontade de fumar. Na ausência da nicotina, que inibia a serotonina, esta, na ausência daquela, vai retornando à sua produção normal, trazendo de volta aquele ”nada de ruim” que, antes, eu só conseguia a poder de baforadas; um nada de ruim que, em resumo, é apenas ausência da vontade de fumar. É aqui, a partir deste ponto, mais precisamente nos dois seguintes parágrafos, é que reside a chave capaz de libertar o fumante do seu vício. Leia com atenção, principalmente você, fumante, os dois parágrafos que se seguem:



O que acontece imediatamente quando você termina de fumar um cigarro? “Nada” — dirá você. Realmente, nada acontece. Pelo menos, até a meia hora seguinte, nada você sentirá. Posso completar esse “nada” com um “de ruim”, e fica “Nada de ruim”. Meia hora depois (muitas vezes até antes), aí sim, você sentirá algo diferente daquele “nada”: acontecerá a vontade de fumar. Observe bem: aquele nada, na verdade, é a ausência da vontade de fumar. E por que acontece a vontade de fumar? Simplesmente porque baixou o nível de nicotina no seu organismo, a mesma nicotina que, com o passar do tempo, expulsou a serotonina.



Pois bem... Aquele nada que você, fumante, sente após a última tragada é rigorosamente igual ao nada que o não fumante sente. A diferença reside apenas num aspecto: o não fumante, para sentir o nada de ruim, nada precisa fazer. Não precisa, por exemplo, tragar fumaça. Já o fumante, para sentir o que, agora, podemos qualificar de valioso nada de ruim, precisa enviar para os seus pulmões, a cada meia hora, seguidas cargas de fumaça que contém, além da enganadora nicotina, uma absurda quantidade de elementos químicos comprovadamente nocivos ao organismo. Veja que substâncias são essas na figura abaixo (fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/componentes-cigarro-prejudiciais-saude)


Veja bem, estimado ex-companheiro do fumacê: para chegar àquele mesmo nível de bem-estar (ausência de vontade de fumar) em que você vivia antes de se tornar um tabagista, você só precisa de um pouco mais de resistência. Digo isto, não por causa do sucesso que acabei de obter na abdicação ao fumo, até porque, por conta daquela Força Sobrenatural, esforço algum praticamente precisei fazer. Digo que falta apenas um pouco de resistência, amparando-me nas várias tentativas anteriores e mal-sucedidas de largar o cigarro. Se, lá, naquelas tentativas, eu soubesse que, fumando ou não, o “nada de ruim” sempre iria acontecer, e que, para alcançar esse nível, não preciso entupir os meus brônquios com pleonástica fumaça envenenada, eu já tinha parado com o fumo bem antes.


Se, contudo, nada disso resolver, só lhe resta um caminho: buscar um canto sossegado, elevar o seu pensamento ao infinito e conversar com Deus. É isto mesmo: conversar com Ele. Não precisa de salamaleques, rituais, cerimônias... Nada disso. Basta apenas chamá-Lo pelo nome (Deus, Jesus ou Espírito Santo) e pedir-lhe, num papo informal, que lhe mostre uma igreja, onde um pastor lhe atenderá. Uma vez na presença deste, faça o mesmo que fiz: deposite em sua mesa o cigarro e o etc. que você já sabe.


Voltando aos benefícios que decorrem da libertação, vou descobrindo, de sobejo, sabor mais acentuado nos pratos, e, fora da culinária, até resolvendo incômodo que eu sequer desconfiava que a causa estava no tabagismo:  o ronco. Um bem ruidoso apareceu em mim há coisa de 2 anos, e sumiu uma semana depois de eu ter parado com o cigarro.


De tudo isso, eis que algo passou a me intrigar: enquanto fumante, acontecia, vez em quando, de eu, por esquecimento do isqueiro no carro, pegar-me na rua com o cigarro apagado pendendo dos lábios, buscando por algum passante com cigarro aceso. Buscava, buscava, e, sem encontrar fumante algum, acabava entrando num bar para comprar outro isqueiro.  Hoje, liberto do fumo, passei a ver nas ruas da cidade, com freqüência inédita, fumantes em plena atividade produtiva de fumaça. E, aí, vem a inevitável pergunta: por que será que, só agora, após ter abandonado o tabaco, vejo tanta gente fumando?


À falta de resposta, vem a cogitação e, nela, a imagem de Alguém proferindo o seguinte recado: “De graça, recebeste uma bênção. Cabe a ti agora multiplicar essa dádiva àqueles que, tal como acontecia contigo, estão presos ao tabaco. São esses tantos que venho mostrando-te, diariamente, que sofrem na mesma atribulação. Usa do dom que te dei: escreve a eles o que, por inspiração, far-te-ei escrever, e deixa o resto comigo.


Pois bem: está aí feita a vontade do Pai.


N7M

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